Capítulo 1
Cinco Estrelas
Meu dia esta cada vez pior. Primeiro, acordei atrasada (e sim, eu usei a desculpa de que o despertador não funcionou). Segundo, meu cabelo parecia um ninho de pomba (maldito condicionador novo). Terceiro, perdi o ônibus (sério, eu tenho que achar um jeito de comprar um carro, nem que para isso eu precise roubar um banco; prefiro roubar um banco e ir pra cadeia e pegar prisão perpétua do que pedir dinheiro emprestado para o meu pai). Quarto (e sim a lista é longa), perdi o metro. Quinto, peguei um táxi, e se eu tiver que escutar mais um mexicano contar a história de sua família, eu juro, cabeças vão rolar. Sexto, passei o dia inteiro com a barriga vazia, pois tive que pagar o táxi (acho que só o fato de eu ouvir aquela história já deveria ter servido como pagamento). Sétimo (esse maldito numero me da azar; sempre cheguei em sétimo lugar nas corridas, sempre fiquei em sétimo lugar nos concursos ou qualquer outra porcaria que só serve para exaltar o primeiro lugar e humilhar o restante), fui demitida. Não é uma maravilha? Pois resolvi passar no apartamento do meu namorado, e imagine só? O canalha estava transando com a minha adorável irmã mais nova. Por precaução, eu filmei os dois (no caso de ninguém acreditar em mim; em outras palavras, meu pai e minha mãe), e depois fiz uma omelete com os ovos do meu ex-namorado (duvido que algum dia ele será capaz de ter filhos), e minha adorável irmã vai ter que achar um deus dos cabelereiros para conseguir ficar apresentável de novo (é sério, deve dar para fazer uma peruca com os cabelos que arranquei dela). Peguei o dinheiro da bolsa dela, sumi do apartamento do cara que eu provavelmente deixei aleijado, paguei o táxi com o dinheiro que eu cobrei da piranha da minha irmã e fui para o Central Park.
E agora, estou hospedada em um hotel cinco estrelas em frente ao Central Park (sim, eu fugi, me processe). Já que minha vida esta acabada, pretendo passar o máximo possível longe de minha estupida família, e recebendo todo o luxo que um hotel cinco estrelas tem a oferecer. Estou usando todas as minhas economias para isso, tenho que confessar, o Mason Yin vale cada dólar que eu tenho certeza que vou me arrepender de ter gastado no final.
Estou no quarto 201 do 15º andar, e tenho uma vista magnifica para o Central Park. Paguei uma estadia de sete dias, estarei de partida na próxima segunda. E com isso, terei que enfrentar toda a minha família, na mansão espetacular de meus pais. Tenho cinco irmãos. Três homens e duas mulheres. Eu sou a do meio entre as mulheres. Me chamo Sophie Tavares. Tenho 25 anos, meus olhos são verdes, e meu cabelo é um loiro ondulado (ele é perfeito, igual ao de Gisele Bündchen, com uma única diferença; ele é natural), meus lábios são um pouco carnudos (sou uma quase Angelina Jolie loira), minha pele é branca com levíssimo bronzeado (é quase imperceptível), tenho um corpo de parar o transito. Agora que te pergunto, qual é o problema de meu ex-canalha-hipócrita-desprezível-cafajeste-namorado? Lucy, minha irmã mais nova de 23 anos, nem é tão bonita quanto eu. Ela tem os olhos de meu pai, castanhos claros, cabelo preto ate as costas, pele pálida, mais alta que eu (tenho 1,61; acho que isso quer dizer que sou baixinha). Eu sou carismática, honesta (se tirar as minhas notas de escola), e simpática. Tá legal, talvez eu tenha um temperamento um pouco forte demais, mas se você vivesse acordando com o pé esquerdo, não levaria desaforo para casa de jeito nenhum.
Como não trouxe roupas, só estou com as roupas do corpo. Fui a loja do hotel. Esse hotel é tão bom, que tem ate um mini shopping e um cassino, um restaurante com um dos melhores chefs de Nova Iorque. Esbanjei nas compras, comprei ate mesmo biquínis para aproveitar na piscina do hotel. Comprei roupas Black Tie (vou te falar, esses vestidos são de arrasar). E é claro, roupas para passar o dia confortavelmente, mas sem parecer um pé rapado. Quem me ver (e se não me conhecer), vai achar que eu sou uma pessoa importante da Alta Sociedade que esta aqui de férias. Eu já mencionei que não vou colocar os pés do lado de fora das portas de vidro do hotel nem mesmo que um meteoro cai no prédio?
Com as mãos abarrotadas de sacolas de marcas e com roupas de marcas, fui em direção ao elevador. Droga! Se eu perder esse, vou ter que esperar uns dez minutos. Pois é, o hotel esta lotado de pessoas. Comecei a correr em direção a ele (ainda bem que não estou usando salto alto, se não iria acontecer a mesma coisa o que aconteceu dois meses atrás; só uma dica: foi na rua). Haviam cinco pessoas no elevador, todos usando roupas Black Tie, dois pares românticos, e o cara que estava sem par, segurou o elevador pra mim. Se eu não estivesse naquela fase em que Todos os homens são uma merda, eu pularia no pescoço desse deus grego e lascaria um beijo de língua nele.
– Obrigada... – eu disse envergonhada.
Ele apenas deu um sorriso de parar o coração. Ainda bem que eu vim correndo para o elevador, pois ninguém pode me culpar de estar vermelha (pegado fogo). Que homem é esse? Com seu cabelo em um estilo quase moicano rebelde, entre tons preto e mel, olhos azuis que exalam sexo, e com o rosto e o porte com as melhores partes de Brad Pitt, Chris Evans, George Clooney, Matt Bomer (mesmo ele jogando do outro lado) e do Damon (aquele cara do The Vampire Diaries), meu coração parou bruscamente, puxou o freio de mão sem me avisar e me perguntou: “Você acredita em amor a primeira vista?”, eu? Não. Então ele voltou a funcionar como se fosse um ferro velho que acabou de ser salvo do ferro velho. E é isso, nada de amor pra mocinha aqui. Homens estão na minha lista negra.
Aperto o 15º andar, a porta do elevador se fecha, e eu não consigo tirar o maldito sorriso sexy da minha cabeça. Você deve estar pensando que eu sou dessas mocinhas que vai passar o resto da vida só falando do demônio sexy ao meu lado aqui, sinto lhe informar que eu não sou fácil. Afinal, acredite ou não, eu ainda sou virgem. Pensando bem, acho que foi por isso que aquele infeliz foi passar o rodo na minha irmã. Não me culpem se toda vez que eu e Trevor (o aleijado do meu ex) estávamos passando das preliminares, eu me lembrava que tinha esquecido o ferro de passar roupa ligado, ou as panelas no fogo, ou esqueci de regar as plantas. Ok, eu admito, nunca me senti preparada para entregar o pote de ouro pra ninguém. Nem mesmo pra esse deus grego ao meu lado que acabei de perceber, fica me olhando discretamente. E quando eu digo me olhando, eu quero dizer osmeus seios. Nojento.
O elevador para no andar do cassino, e os dois casais dessem. Deixando apenas eu e o deus grego. Vou rapidamente para o outro lado do elevador. Coloco as sacolas no chão e pego meu mais novo Iphone, mas ainda continuo com o mesmo numero. Como não estou afim de dar um fora no deus grego, caso ele tente puxar conversa e me seduzir (eu li bastante livros eróticos para saber o que acontece com a mocinha burra quando os mocinhos jogam seus poderes de sedução nelas), é sério, só porque ele me salvou de esperar mais dez minutos, não quer dizer que eu não vá fazer omelete com seus ovos caso ele tente flertar comigo. O motivo é simples, é bem provável que eu vá parar na cama com ele e perca o meu pote de ouro pra um completo desconhecido que na manhã seguinte terá sumido e esqueça as minhas compras aqui no elevador. E eu não vou esquecer as minhas compras no elevador. Gastei uma fortuna nelas.
Minha caixa de mensagens esta atolada com as mensagens da piranha (Lucy, minha irmã) e do aleijado (Trevor, meu ex-namorado que peguei transando com a piranha da minha irmã, Lucy).
Piranha:
O que você fez com o meu cabelo? (acho que melhorei)
Eu vou te matar! (não se papai te matar primeiro)
Você vai pagar por isso! (como ela ousa ficar brava comigo?)
Essa é a maior humilhação que eu já sofri! (Ah, querida. Espere só pra ver o que é humilhação. Ela não faz a menor ideia de que a filmei afogando o ganso do aleijado)
Você me roubou? Eu quero meus 200 dólares de volta! (Não, eu não a roubei. Só cobrei o preço de um Garoto de Programa Pé de Chinelo)
Ok. Vamos as mensagens do aleijado:
Você me aleijou!!! (Há! Bem feito!)
Onde você esta? (no paraíso)
Me de a chance de explicar! (eu por acaso tenho cara de idiota?)
Atende o maldito telefone! (desculpe, o maldito telefono foi pro beléleu. Comprei um novo, muito mais moderno)
Soltei uma bufada de ar. Vi que já estava no meu andar, peguei minhas sacolas rapidamente, pois o deus grego estava abrindo a boca (provavelmente pra me convidar pra sua cama. Não muito obrigada!), e corri pra fora do elevador. Nem olhei pra trás, fui direto para o meu quarto, passei o cartão chave, entrei e fechei a porta com pé. Ok. Está na hora de ganhar dinheiro (ou perder tudo; é o que eu tenho certeza do que vai acontecer). Joguei as compras sobre a cama e fui tomar um relaxante banho de banheira com sais minerais.
Continua...
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